Você se lembra da logomarca de bandas nacionais como Paralamas do Sucesso, Titãs, Barão Vermelho, Skank ou até mesmo do Roberto Carlos? E das internacionais Iron Maiden, AC/DC, Metallica ou Rolling Stones?
Correto. Os artistas brasileiros simplesmente não possuem uma marca que represente seus projetos e conceitos.
Tive este insight outro dia após encontrar uma pessoa com uma camiseta escrito “Blitz” em fontes serifadas estilo greco-romano, ao estilo da capa de “Jesus não tem dentes no país dos banguelas“, dos Titãs, em um bar em São Paulo.
Achei interessante e imaginei que seria legal ter a logomarca de outras bandas dos anos 80 recicladas para a moda atual. Algumas pesquisas no Google depois e pronto. Nem aquela estampa era a marca da Blitz como tampouco suas contemporâneas possuíam logotipos definidos.
Para ficar claro, a logomarca é um dos elementos que constróem uma marca ao lado de outros, como nome, slogan, jingle, personagens, storytelling, tipografia, paleta de cores etc. Com o seu desenvolvimento, a marca de uma empresa se torna um diferencial e um ativo intangível para seus proprietários. Hoje, a tecnológica Apple é a marca mais valiosa do mundo, avaliada em cerca de de US$ 128,303 bilhões, segundo estudo da consultoria Brand Finance.
Produtos licenciados pra quê?
Durante toda a sua história, a hoje combalida indústria fonográfica nacional focou sua receita na venda de álbuns, deixando de lado a venda de produtos licenciados – ao contrário de americanos e ingleses, que há anos lucram com a venda de guitarras, camisetas, canecas, revistas e o que mais os fãs aceitarem comprar com a marca de seus ídolos.
Curiosamente, as bandas que melhor trabalharam sua logomarca no Brasil não atingiram o grande público ou estavam focadas em nichos. O “S” tribal do Sepultura é ou não é uma marca reconhecida? E a escrita pixada de “Ratos de Porão” em qualquer poster não lhe remete ao grupo punk liderado por João Gordo?
Existem também os grupos que, como Racionais, Raimundos e Jota Quest, alteraram ou criaram seus logos ao longo dos anos.
Nos últimos anos, tem crescido o lançamento de marcas de microcervejarias com o nome de bandas de rock. A paulista Bamberg lidera tendo em seu time Nenhum de Nós, Paralamas do Sucesso, Raimundos e Sepultura.
Por sinal, as duas primeiras não possuem logomarcas enquanto as duas últimas sim. É gritante a facilidade de associar os produtos com os artistas no segundo caso, ampliando assim as possibilidades de venda e a receita para os envolvidos.
Portanto, em tempos de vacas magras para a indústria fonográfica, onde milhares de execuções em serviços de streaming rendem alguns centavos, na hora de começar uma banda, é bom o artista destinar algumas horas para o rascunhar o seu logo.
*Este artigo foi publicado inicialmente no Brasil Post.