Vou te mostrar agora porque desenvolver a empatia pode ser uma coisa boa para o seu desenvolvimento profissional e social.
O termo tem ganho cada vez mais espaço no mundo dos negócios e dos relacionamentos.
Isso porque pessoas empáticas têm a capacidade de relacionar de forma plena sem gerar conflitos – e esta é uma habilidade valiosa que pode abrir as portas para o seu sucesso.
A professora da Universidade de Houston e best-seller americana Brené Brown se tornou uma expert no assunto.
E ela parte seu discurso a partir da diferença entre a empatia e a simpatia. Você sabe qual é?
Empatia e simpatia
A empatia e a simpatia são com frequência colocadas juntas, entretanto elas geram resultados opostos.
Segundo a Brené, a empatia é uma habilidade que pode unir as pessoas e fazer com que as pessoas se sintam confortáveis.
Já a simpatia cria uma dinâmica de poder desigual que pode levar a mais isolamento e desconexão da pessoa menos privilegiada em suas possibilidades sociais.
É um resultado triste uma vez que a origem da simpatia é boa. Curioso isso, né?
A autora diz que existem quatro passos rápidos para demonstrar empatia em qualquer situação e que qualquer pessoa pode desenvolver. São eles:
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- Perspectiva – ou colocar-se no lugar de outra pessoa
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- Escutar sem julgamentos
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- Reconhecimento da emoção do outro – que você já pode ter experimentado
- Comunicação do reconhecimento dessa emoção
Estes são passos rápidos mas masterizar a empatia pede um pouco mais de dedicação. Para isso devemos entender as suas origens.
Significado de empatia
A origem etimológica da palavra empatia vem do grego empatheia e o seu significado é “entrar no sentimento”.
De forma prática, empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro e sentir o que a outra pessoa está sentindo.
Ou seja: entrar no sentimento, só que do outro. Sentir aquilo na pele. O que é bem diferente de buscar só ser simpático ou amigável.
Componentes da empatia
A empatia é definida como uma habilidade de comunicação, que inclui três componentes:
- um componente cognitivo: caracterizado pela capacidade de compreender os sentimentos e perspectivas de outra pessoa;
- um componente afetivo: identificado por sentimentos de compaixão e simpatia pela outra pessoa, além de preocupação com o bem-estar dela;
- um componente comportamental: que consiste em transmitir um entendimento do sentimento e da perspectiva da outra pessoa, de tal maneira que esta se sinta profundamente compreendida e acolhida
Assim, praticar a empatia é fazer com que o ponto de vista de outras pessoas também sirva de guia na hora de você tomar uma atitude ou uma decisão.
Mais do que isso, a empatia é uma das competências mais importantes da inteligência emocional.
Como desenvolver a empatia
Naturalmente, nós nascemos pessoas programadas para fazer o bem. Mas durante a nossa educação, somos ensinados a competir, nos injetam o medo da escassez e neste momento o ego aflora e mata a empatia natural da criança.
Por isso, Brené Brown ficou famosa ao escrever sobre vulnerabilidade, vergonha, estranhamento e outras emoções que sentimos ao crescer.
Para ela, as crianças têm oportunidades de aprender empatia com seus pais, professores e colegas.
Outro dado curioso é que a empatia pode ser genética.
Na verdade, 10% da capacidade de desenvolver a compaixão por outra pessoa pode estar ligada aos genes da pessoa, segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge.
Este mesmo estudo afirma que as mulheres possuem maior capacidade de serem empáticas do que os homens.
Da mesma forma, o estudo afirma que 90% do potencial de empatia é desenvolvido pela pessoa ao longo de sua vida e suas experiências.
No Brasil, um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul analisou 100 crianças carentes, com idades entre 6 e 9 anos, a fim de entender qual o impacto da empatia na vida delas.
O resultado trouxe uma revelação surpreendente: crianças mais empáticas tendem a ser mais competentes socialmente do que as outras.
E nós sabemos que a capacidade de relacionamento é fundamental para o sucesso em qualquer área da vida.
Exemplos de empatia
Quer um exemplo literalmente real de um pai que estimula a empatia em seu filho?
Você já viu as famosas fotos em que Príncipe William aparece conversando com o seu pequeno, Príncipe George?
Se não viu, vale a pena fazer uma pesquisa no Google.
Mesmo nos eventos mais formais, como durante a visita de Barack Obama no Palácio de Kensington, o Duque de Cambridge não abre mão de agachar e se igualar a altura do filho e olhá-lo nos olhos enquanto conversam. Mas, por que ele faz isso?
É que ao se agachar para fazer contato visual com o filho enquanto se comunicam, Príncipe William coloca em prática a escuta ativa, fazendo com que o pequeno sinta que o que ele diz é importante. Isso é interessante até para a autoestima da criança.
Pode parecer pouco, mas ao demonstrar que estamos ouvindo, dizemos, sem proferir sequer uma palavra: “Estou interessado(a) no que você tem a dizer e, para mim, é importante saber como você se sente. Respeito a sua opinião e, ainda que eu não concorde com ela, sei o quanto isso significa para você.”
É empatia na sua forma mais pura.
Os 7 hábitos das pessoas realmente empáticas
Agora que já falamos das fundações da empatia, vamos trazê-la para a vida adulta porque é aqui que as coisas acontecem para nós.
A empatia é como uma lanterna e eu vou te explicar o porquê.
Imagine que você está com um grupo de pessoas em um lugar escuro e decide acender uma lanterna. O feixe de luz que sai da sua lanterna vai iluminar o ambiente para todo mundo, certo?
Assim como é impossível acender uma lanterna e preservar a iluminação somente para si, quando se pratica a empatia, todos ao redor são positivamente afetados.
Por isso, se você quer aumentar a sua habilidade de sentir empatia, para se tornar uma lanterna que ilumina a vida daqueles com quem convive, confira essas dicas:
1. Pratique a escuta ativa
Assim como o Príncipe William faz quando vai falar com o seu filho, ao conversar com alguém canalize a sua atenção total a essa pessoa. Olhe nos olhos, absorva cada palavra de tudo aquilo que ela está falando.
Mostre curiosidade, pergunte, investigue, sinta vontade de sentir exatamente o que essa pessoa está se sentindo.
Quantas vezes você já foi trocado(a) pela tela de um smartphone enquanto conversava com alguém? E como foi que você se sentiu? Pois é. Não seja a pessoa que faz isso com os outros.
2. Tenha consciência do ambiente social
Experimente observar mais as pessoas e tentar imaginar o que elas estão sentindo, para onde elas estão indo, quais os seus sonhos. Faça isso em um lugar onde as tensões podem se manifestar, como no trabalho ou em uma fila do banco demorada.
Assim como você, as outras pessoas também sentem preocupações, estão sob pressão, tem problemas para serem resolvidos e alimentam grandes ambições. Tente ser o ponto que dissolve as tensões.
Faça uma piada para quebrar o gelo ou isente a outra pessoa de responsabilidade. Ela segue regras. Ao fazer esse exercício, é possível sentir mais respeito pelo outro. Enxergar as pessoas como gostaríamos de sermos enxergados também.
3. Se coloque no lugar do outro
O ex-engenheiro do Google e autor do livro “Search Inside Yourself” que combina inteligência emocional com mindfulness, Chade-Meng Tan, diz que entender a empatia é fácil. Basta você pensar que “todo mundo faz o que faz pois quer ser feliz“.
Portanto, antes de criticar alguém, tente colocar-se no lugar desta pessoa para entender as suas motivações.
O escritor George Orwell é um ótimo exemplo. Depois de trabalhar como oficial de colônia na Birmânia Britânica na década 20, ele voltou para a Inglaterra disposto a viver o lado humilde da vida.
Então ele foi morar em albergues e trabalhar em subempregos pela Europa vivendo a pão e água. A experiência está registrada em um dos meus livros favoritos, o “Down and Out in Paris and London”. Esta história e é um exemplo de resiliência.
4. Desafie preconceitos
Todos nós temos pressuposições baseadas em rótulos coletivos que nos impedem de apreciar a individualidade da outra pessoa.
Pessoas altamente empáticas desafiam seus próprios preceitos e preconceitos, buscando pontos em comum com o outro em vez de destacar as diferenças.
Eu quando encontro um “corinthiano maloqueiro”, por exemplo, lembro como era legal os tempos que o Corinthians tinha o Ronaldo e o São Paulo, o Zetti como goleiros. Bons tempos. Para isso é preciso sair da zona de conforto.
5. Inspire mudanças sociais
Normalmente, supomos que a empatia acontece apenas no nível individual, mas a ela também pode ser um fenômeno de massa, que gera mudanças sociais ou ajuda mútua.
Os movimentos abolicionistas nos EUA basearam seus argumentos não nos livros sagrados mas no sofrimentos que os negros passavam nas plantações e nos navios negreiros.
A mobilização popular em caso de catástrofes naturais, como o recente vulcão na Guatemala ou os episódios de tsunami na Indonésia também geram a empatia e compaixão em massa das pessoas.
6. Converse com desconhecidos
É fácil manter uma conversa com alguém que você já gosta. Mas mais poderoso é manter uma conversa com interesse verdadeiro com um estranho.
Experimente entender as razões que levam essa pessoa a pensar de determinada forma. Ele ou ela não está vivendo para te desagradar, existem motivos que moldam sua perspectiva.
Isso é comum no universo político, relioso e dos valores pessoais, por exemplo. Tente entendê-los. Aposto que você vai se surpreender.
7. Observe a sua postura física
Para fazer com que qualquer pessoa se sinta à vontade quando fala com você, fique atento a mensagem que o seu corpo está passando. Por exemplo, braços ou pernas cruzadas podem sugerir postura defensiva. Cabeça apoiada nas mãos, em alguns casos, demonstra desinteresse por parte do receptor da mensagem.
Não quer que pensem que você está entediado(a) durante uma conversa? Policie sua linguagem corporal.
Teoria sem prática é só discurso bonito. Parta para a ação!
Como ter empatia no trabalho
É provável que todo mundo já tenha convivido com alguém que não gosta no trabalho. Afinal, quanto maior o número de pessoas com as quais precisamos conviver, maiores as chances de encontrar uma que não seja 100% agradável.
E qual é a atitude que devemos tomar quando isso acontece? Tentar ignorar a presença desse ser humano e seguir a vida. Certo? Errado!
Fingir indiferença pode piorar a situação. É preciso ter empatia, de dentro para fora. Como assim? Calma, eu explico.
Primeiro tente entender o que está irritando você em relação a essa pessoa: ela te lembra alguém que você não gosta? Ela é rude? É uma pessoa negativa?
Lembre-se que se uma pessoa é rude, ela provavelmente não faz porque odeia todo mundo, mas sim porque essa é a forma que ela reage a uma situação ruim pela qual ela está passando.
Sabe a história do cachorro que só ataca por que nunca recebeu um afago? Então…
Ansiedade e depressão são duas causas que podem colocar a pessoa fora do seu melhor estado e provocar certa hostilidade. Não leve para o pessoal, apenas tente entender.
Aos poucos, tente apresentar outras perspectivas para a pessoa, tornando-a mais amigável.
A única coisa que você pode mudar em uma pessoa é a forma de vê-la.
Nunca se esqueça disso…
Mapa de empatia para negócios
Já foi dito o quanto é importante praticar a empatia em qualquer âmbito da vida. E os negócios não podem ficar de fora.
Hoje em dia tem se falado muito em “tom de voz na marca” e “marcas com personalidade”.
Basta acessar as redes sociais da Netflix e ver a forma como a marca se comunica com as pessoas. Ela definitivamente tem personalidade própria, como se fosse uma pessoa mesmo.
Isso é possível devido a uma construção muito embasada de persona. A marca Netflix sabe quem são os seus clientes. Sabe seus gostos e preferências, logo, sabe como deve falar com eles. É sobre isso que vamos falar aqui no mapa de empatia.
Esse mapa tem a função de ajudar você a definir a sua persona e, assim, possibilitar que você converse com ela de igual para igual. As perguntas que devem ser respondidas sobre o seu cliente no mapa de persona são:
1- O que ele vê?
Quais programas de TV? Quais redes sociais? Sites da internet? Jornais? Pessoas?
O que acontece diante dos olhos dele?
2- O que ele pensa?
Ele está feliz? Está triste? O que ele pensa da vida? Do futuro? Das notícias de jornal?
3- O que ele ouve?
O que as pessoas falam para ele? O que ele ouve no rádio? E no dia a dia em geral?
4- O que ele fala?
O que ele fala para as pessoas? Ele faz o que fala? Sobre quais assuntos ele fala?
5- O que ele faz?
Quais atividades ele faz? O que ele faz no dia a dia? Como é a vida dele?
6- Quais são as dores dele?
De que ele reclama? Quais problemas ele tem? Quais insatisfações e frustrações?
7- Quais as necessidades e desejos?
O que ele quer? Quais são os sonhos dele? O que é sucesso para ele? O que o faz feliz?
Legal, né?
Uma meditação para desenvolver empatia
Além de diminuir o estresse, ajudar na qualidade do sono e de proporcionar mais uma série de outros benefícios, a meditação também vai ajudar você na jornada da empatia.
Encontre uma posição confortável que lhe permita estar, ao mesmo tempo, em estado de alerta e de relaxamento. Respire e expire durante 2 minutos, em silêncio, para relaxar e desacelerar a sua mente.
Agora, pense em uma pessoa que significa muito para você. Visualize o rosto dele ou dela de forma bem nítida. Se você quiser, veja uma foto ou um vídeo dessa pessoa.
Repita para as frases abaixo fazendo uma pausa para reflexão após cada uma delas:
Essa pessoa possui um corpo e uma mente, assim como eu.
Essa pessoa possui sentimentos, emoções e pensamentos, assim como eu.
Essa pessoa, em algum momento da vida, já se sentiu triste, desapontada, irritada, machucada ou confusa, assim como eu.
Essa pessoa, em algum momento da vida, já sentiu dores e sofrimentos físicos ou emocionais, assim como eu.
Essa pessoa deseja se libertar da dor e do sofrimento, assim como eu.
Essa pessoa deseja se sentir saudável e amada, e ter relacionamentos que a completem, assim como eu.
Finalizada essa primeira parte, é hora de desejar coisas boas.
Eu desejo que essa pessoa tenha força e todos os recursos necessários para superar qualquer dificuldade que a vida lhe traga.
Eu desejo que essa pessoa se liberte da dor e do sofrimento.
Eu desejo que essa pessoa seja plenamente feliz.
Porque essa pessoa é um ser humano, assim como eu.
Agora, desejo que todas as pessoas que eu conheço sejam felizes.
Mantenha-se em silêncio por 1 minuto e finalize a meditação.
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